Importação direta é um processo em que a empresa é responsável por todo o processo, desde a escolha do fornecedor estrangeiro até a entrega do produto no país de importação, sem a intermediação de terceiros.
Para que ela seja bem sucedida, é fundamental conhecer cada etapa deste tipo de operação e fazer um planejamento cuidadoso. Em muitas situações, contar com o suporte de profissionais especializados em importação é um diferencial.
Esta modalidade de comércio exterior pode trazer muitas vantagens para o seu negócio, como redução de custos, maior controle e competitividade no mercado global. Mas, novamente, isso depende de sua expertise na importação.
Neste artigo, vamos explicar como funciona a importação direta, quais são os requisitos para realizá-la e outros pontos de atenção.
1. Como funciona a importação direta?
2. Quais são os requisitos para fazer importação?
3. Como escolher o produto que deseja importar?
4. Como realizar o pagamento na importação?
5. Como realizar a conversão cambial?
6. Documentação necessária para a importação
7. Como contratar empresas de transporte internacional?
8. Dicas para lidar com imprevistos na importação
9. Conclusão
Como funciona a importação direta?
A importação direta, também chamada de importação por conta própria, é a operação em que o comprador assume por completo todas as responsabilidades referentes ao produto.
Por isso, o processo envolve diversas etapas e agentes. Veja a seguir um resumo das principais fases da importação direta:
- Pesquisa de mercado: antes de iniciar a importação, é preciso pesquisar o mercado internacional e identificar os fornecedores potenciais que oferecem o produto que você deseja importar. Avalie aspectos como qualidade, preço, prazo de entrega, condições de pagamento e garantia do produto.
- Negociação com o fornecedor: após selecionar o fornecedor mais adequado para suas necessidades, é preciso negociar os termos do contrato de compra e venda internacional. Defina a modalidade de pagamento, a moeda utilizada, os Incoterms, a forma de embarque e o local de entrega do produto.
- Habilitação no RADAR: o empresário deve estar habilitado no Sistema de Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros (RADAR), como veremos adiante.
- Licenciamento de importação: dependendo do produto que você deseja importar, pode ser necessário solicitar uma licença de importação junto aos órgãos anuentes competentes.
- Despacho aduaneiro: é o procedimento pelo qual a mercadoria importada é registrada, declarada e verificada pela Receita Federal. É preciso apresentar os documentos necessários para a importação.
- Nacionalização da mercadoria: após o despacho aduaneiro, a mercadoria é liberada pela Receita Federal e passa a integrar o patrimônio da empresa importadora. Nessa etapa, é preciso emitir uma nota fiscal eletrônica de entrada da mercadoria no país e providenciar o transporte da mercadoria até o seu destino final.
Quais são os requisitos para fazer importação?
Toda importação e exportação, enquanto operação de comércio exterior, apresenta requisitos para se concretizar.
Para fazer importação direta, a empresa deve estar em conformidade com normas, regulamentos e leis vigentes.
Deve, também, cumprir alguns requisitos, e os principais destacamos a seguir:
Registro no Radar (Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros)
A habilitação no Radar é obrigatória para todas as empresas que desejam realizar operações de comércio exterior.
Ela pode ser feita pela internet, mediante o preenchimento de um formulário e o envio de documentos comprobatórios da regularidade fiscal e jurídica da empresa.
Se você não o conhece, é um sistema de controle aduaneiro que permite às empresas brasileiras atuarem com importações e exportações.
Inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ)
Como você já sabe, o CNPJ é o documento de identificação da pessoa jurídica perante a Receita Federal e outros órgãos públicos.
Para importar produtos, é necessário que o CNPJ da empresa esteja regularizado e que a atividade de importação e exportação esteja especificada em seu objeto social.
Habilitação no Siscomex (Sistema Integrado de Comércio Exterior)
O Siscomex é o passo seguinte à habilitação no Radar.
Este sistema informatizado integra as atividades do comércio exterior no Brasil e é uma ferramenta que simplifica todo o processo.
Ele permite o uso de um fluxo único de informações, elimina controles paralelos e reduz consideravelmente a quantidade de documentos envolvidos nas operações.
Uma vez habilitado no Radar, o importador deve solicitar uma senha para acessar o Siscomex e realizar suas operações.
Como escolher o produto que deseja importar?
A escolha do produto que você deseja importar é uma decisão estratégica que deve levar em conta diversos fatores, como a demanda do mercado, a margem de lucro, a concorrência, a disponibilidade e a qualidade do produto.
Confira algumas dicas na hora de escolher o produto da importação direta:
- Pesquise o mercado internacional e identifique os fornecedores potenciais qualificados que oferecem o produto que você deseja importar.
- Estude previamente quais são os requisitos legais e tributários, pois podem existir licenças especiais, certificados de conformidade, barreiras tarifárias ou não tarifárias.
- Defina o NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) do produto que você deseja importar, pois ele influencia nos impostos e taxas que incidem sobre a importação, e em eventual tratamento administrativo específico.
Como realizar o pagamento na importação?
O pagamento na importação é uma etapa crucial que envolve riscos e custos para ambas as partes. Por isso, é preciso definir com clareza e segurança como se dará o pagamento.
Você pode, por exemplo, optar pelo Sistema de Pagamento em Moeda Local (SML) em importações da Argentina, Paraguai e Uruguai. Na importação da China, você deve utilizar corretoras de câmbio ou agências bancárias.
Além disso, as modalidades de pagamento mais comuns na importação são:
- Pagamento antecipado: nessa modalidade, o importador paga ao fornecedor antes do embarque da mercadoria, como o próprio nome sugere.
- Remessa sem saque: o pagamento é feito após o embarque da mercadoria, mas antes da liberação aduaneira.
- Carta de crédito: o importador solicita à instituição financeira a emissão de uma carta de crédito em nome do fornecedor, o que assegura o pagamento da mercadoria após a apresentação dos documentos de embarque.
A escolha da modalidade de pagamento na importação deve levar em conta aspectos como o valor da operação, o prazo de entrega, a confiança entre as partes, as condições de mercado e as normas cambiais vigentes.
Como realizar a conversão cambial?
A conversão cambial é o processo de troca de moedas entre países diferentes. Na importação, ela é necessária para que o importador possa pagar ao fornecedor na moeda acordada no contrato de compra e venda internacional.
Existem contratos firmados entre o importador e uma instituição financeira autorizada pelo Banco Central para realizar operações cambiais.
No contrato de hedge cambial, por exemplo, o importador se protege contra as variações cambiais que possam ocorrer entre a data da contratação do contrato e a data do pagamento ao fornecedor.
Documentação necessária para a importação
A importação empresarial de mercadorias requer a apresentação de uma série de documentos que comprovam a regularidade da operação e permitem o controle aduaneiro por parte das autoridades competentes.
Dentre os principais documentos da importação, podemos destacar:
- Certificado de origem: comprova a procedência da mercadoria e possibilita ao importador a isenção ou redução do imposto de importação, conforme requisitos estabelecidos pela legislação do país de destino ou acordos comerciais.
- Packing list (romaneio): lista detalhadamente todas as mercadorias embarcadas e seus respectivos componentes de carga. Sua finalidade é facilitar a identificação e localização de cada produto no lote, além de agilizar o processo de verificação da mercadoria pelas autoridades fiscais.
- Proforma Invoice: documento preliminar emitido pelo fornecedor que contém as informações relativas à proposta de venda internacional, como a descrição, a quantidade, o valor e as condições de pagamento da mercadoria. A fatura proforma é utilizada para iniciar a negociação entre as partes.
- Fatura comercial: contém as informações relativas à venda internacional, como a descrição, a quantidade, o valor e as condições de pagamento da mercadoria. É essencial para o cálculo dos tributos e para a verificação da conformidade da mercadoria.
- Conhecimento de embarque: comprova o contrato de transporte internacional e a posse da mercadoria. O conhecimento pode ser marítimo (bill of lading), aéreo (air waybill), rodoviário ou ferroviário.
- Licenciamento de importação: documento eletrônico que autoriza a entrada da mercadoria no país, mediante o cumprimento de requisitos técnicos, sanitários, ambientais ou de segurança.
- Declaração de importação: as informações relativas à operação de importação e aos tributos incidentes. É o instrumento básico para o controle aduaneiro e para o desembaraço da mercadoria.
Como contratar empresas de transporte internacional?
O transporte internacional é uma etapa fundamental na importação, pois é o meio pelo qual a mercadoria é deslocada do país de origem até o país de destino.
Ele pode ser feito por via aérea, marítima, rodoviária ou ferroviária, dependendo das características da mercadoria, do custo, do prazo e da disponibilidade dos modais.
Para contratar empresas de transporte internacional, é preciso levar em conta alguns aspectos, como:
- Escolha do Incoterm: este termo define as responsabilidades e os custos de cada parte na operação de importação. Sua escolha deve ser feita de comum acordo entre o importador e o fornecedor.
- Escolha do modal: cada um tem vantagens e desvantagens que devem ser analisadas. Enquanto o frete aéreo é o mais rápido e seguro, é também o mais caro e limitado em termos de dimensão e capacidade da carga.
- Escolha da empresa: é a responsável por realizar o serviço de transporte da mercadoria entre os países envolvidos na transação. Ela deve apresentar qualidade, confiabilidade, experiência, preço, prazo, segurança e atendimento.
Dicas para lidar com imprevistos na importação
Por fim, com todos esses aspectos em mente, não é certo que a importação direta será bem sucedida.
Diversos imprevistos podem afetar o sucesso da operação e causar prejuízos ao importador, como atrasos na entrega, extravio ou avaria da carga, greves ou paralisações nos portos ou aeroportos, variações cambiais, entre outros.
Para lidar com esses imprevistos, é preciso ter planejamento, prevenção e flexibilidade. Confira dicas que podem ajudá-lo a enfrentar as dificuldades:
- Faça um planejamento e uma previsão da importação, pois ferramentas essenciais para evitar ou minimizar os riscos na importação.
- Contrate um seguro de transporte para proteger a mercadoria contra eventuais perdas ou danos causados por acidentes, roubos, furtos ou outros motivos de força maior durante o trajeto .
- Faça o rastreamento da carga para verificar se a mercadoria está sendo entregue no prazo previsto;
- Mantenha uma boa comunicação com as partes envolvidas, pois é a melhor forma de se manter informado sobre todas as etapas da operação.
Conclusão
A importação direta de mercadorias é uma atividade que pode trazer muitos benefícios para as empresas, como a diversificação de produtos, a redução de custos, a ampliação de mercados e a competitividade.
No entanto, esta operação também envolve diversos desafios e imprevistos que podem comprometer o sucesso da operação e causar prejuízos ao importador.
Afinal, são muitas etapas que são de exclusiva responsabilidade do importador. Um erro pode causar atrasos na entrega, falhas na escolha do modal e muitos outros imprevistos.
Para evitá-los, vale a pena considerar o auxílio de especialistas no assunto.
Confira as vantagens de contratar uma consultoria de comércio exterior!
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