Já há alguns anos, importar da China tem sido uma prática que viabiliza muitos negócios no Brasil. Encontrar boas mercadorias com melhores preços, se comparados ao mercado interno, aumenta a margem de lucro dos empresários.
Mas para que isso aconteça, é preciso entender todo o processo de importação, garantindo a qualidade da operação. Diante da complexidade dessa transação, alguns empresários pensam em ter um funcionário na China. Mas será que é vantajoso? Veja a seguir.
Neste artigo você verá:
1. Importar da China x Funcionário na China
A dúvida sobre importar da China ou ter um funcionário na China é muito comum. O empresário que possui relações comerciais com o país asiático busca minimizar seus custos, sem perder qualidade. Por isso, deve avaliar todas as opções.
A seguir, apontamos como é ter um funcionário na China e como é a mão-de-obra chinesa.
Ter funcionário na China
Uma empresa brasileira que deseja ter um funcionário na China possui duas opções:
1. Ter empresa na China para registrar o funcionário (regra);
2. Ter um funcionário terceirizado (não há empresa na China).
Na primeira hipótese, é preciso destacar uma situação chamada expatriação, que é ter um empregado brasileiro na China. A expatriação é ter um profissional transferido do Brasil para outro país para executar seus serviços.
Não existe interrupção, suspensão ou extinção do contrato de trabalho firmado no Brasil, mas apenas uma transferência do local de trabalho.
O maior desafio será a adaptação nesta situação, pois a língua é completamente diferente, bem como os costumes. E como já ressaltamos, costume é um ponto muito importante na China.
No caso de ter um funcionário chinês terceirizado ou empregado, o empresário deverá avaliar as peculiaridades da mão-de-obra chinesa.
Afinal, nos últimos anos, houve um aumento considerável das remunerações dos trabalhadores chineses, colocando-os à frente, inclusive, de países da América Latina, como o Brasil.
Mão-de-obra chinesa
O primeiro ponto que chama a atenção de quem deseja ter um funcionário na China ao invés de importar da China é a jornada de trabalho.
No Brasil, de acordo com a CLT, um empregado deve trabalhar no máximo 8 horas por dia, sendo permitidas até duas horas extras diárias, se cumpridos os requisitos legais. Em uma semana, são no máximo 44 horas.
Na China, a jornada de trabalho diária é de 12 horas, de segunda a sexta-feira. Aos sábados, o trabalhador cumpre 8 horas. Domingo, assim como no Brasil, é dia de folga. No entanto, é uma jornada pesada, de quase 70 horas semanais.
Para um trabalhador de “chão de fábrica” na China, o salário relativo a essa jornada equivale a US$ 230,00.
Na cotação atual (dólar equivale a R$ 5,25), seria R$ 1.207,50. Apenas a título comparativo, o salário mínimo no Brasil para 2021 será de R$ 1.100,00.
Porém, tudo dependerá de qual tipo de funcionário você deseja ter na China. Este salário é relativo a um trabalhador “na base da pirâmide”.
Ele não é operador de maquinaria pesada ou avançada, nem pertencente a classe de trabalhadores de escritório, como vendedores e analistas. Estes recebem quase três vezes mais do que um operador (ou mais). Estima-se que um profissional gerencial receba cerca de US$ 1 mil (R$ 5.250,00).
Houve um enorme avanço dos salários pagos no país. Conforme estudo do grupo Euromonitor International, divulgado pelo jornal britânico Financial Times em 2017, média salarial na indústria chinesa triplicou em dez anos, passando de US$ 1,20 por hora (R$ 3,74) em 2005 para US$ 3,60 (R$ 11,21) em 2016. Já no Brasil, este valor caiu de US$ 2,90 (R$ 9,03) para US$ 2,70 (R$ 8,41) no mesmo período.
Considerando que a média chinesa é de US$ 3,60 a hora, se compararmos uma jornada semelhante à do Brasil (44 horas semanais), o trabalhador chinês receberia US$ 633,60 por mês (4 semanas). Com a cotação atual do dólar, seria o equivalente a R$ 3.326,40.
Se compararmos com o Brasil, a maior diferença ainda não será no valor do salário, mas nos direitos trabalhistas, que são basicamente inexistentes na China.
Como se sabe, em território brasileiro, o empresário deve pagar, além do salário, eventuais adicionais que integram a remuneração, direitos previdenciários e trabalhistas, o que onera bastante a folha de pagamento.
Mesmo sem a ausência de leis trabalhistas, o governo chinês vem se movimentando para melhorar as condições de trabalho no país.
Especialmente no tocante à qualificação para a mão-de-obra urbana, uma vez que boa parte dos chineses ainda estão nos campos. Até mesmo por essa baixa oferta, contratar um funcionário na China está ficando mais caro.
Em suma, o investimento em políticas de desenvolvimento econômico e social resultam em maior qualificação da mão-de-obra, aumento dos salários, mais direitos trabalhistas e aumento do poder de compra dos chineses.
Importação da China
Considerando este contexto da mão-de-obra chinesa, a importação da China pode ser mais barata e menos burocrática do que ter um funcionário no país asiático.
Seja vinculado a uma empresa registrada no país ou terceirizada, o empresário brasileiro não gastará menos do que os valores que mencionamos.
Esse profissional deve ter suas atribuições bem definidas para que consiga exercer um bom trabalho, além de compreender os costumes locais (o que é mais fácil, claro, quando se tem um profissional chinês ou que está no país há muito tempo).
Mas imagine que você deseje que ele faça inspeção na fábrica fornecedora dos produtos que importará para sua loja online.
Ele terá o conhecimento necessário para realizar a inspeção? Ou então você o designará para fazer as negociações também. Ele terá competência para realizar tantas funções de modo qualificado?
Por todos estes motivos, é muito comum que um empresário prefira importar da China com auxílio de uma consultoria especializada ao invés de ter um funcionário no país.
2. Tipos de empresas que permitem contratar funcionário
Caso você ainda esteja pensando em ter um funcionário no país asiático, precisa saber como abrir uma empresa na China. Como pontuamos no início, você pode ter um funcionário terceirizado, para que não precise abrir um negócio.
No entanto, a regra é realmente começar um empreendimento no país. E são 4 opções que permitem a contratação de funcionário: empresa em Hong Kong, Empresa de Investimento Estrangeiro (FIE), Parceria Empresarial de Investimento Estrangeiro (FIPE) ou Escritório de Representação.
Empresa em Hong Kong
Abrir uma empresa em Hong Kong é uma maneira muito utilizada para quem deseja ter praticidade. É um local muito rápido para abrir um negócio, pois conta com a vantagem de ter quase todo o processo realizado pela internet.
Essa forma pouco burocrática de abrir empresa demanda do empresário apenas uma aparição física em Hong Kong para abrir uma conta bancária. As outras etapas do processo podem ser feitas de forma remota.
A empresa em Hong Kong também é utilizada como uma forma de investir na China, mesmo não sendo uma entidade legal na China Continental. Neste caso, seria a SPV (Special Purpose Vehicle ou Veículo com Finalidade Especial).
Uma boa vantagem deste tipo empresarial é que você poderá ter somente um escritório virtual, sem escritório físico ou presença de funcionários. No entanto, será preciso ter um endereço registrado no nome da empresa.
O ponto negativo aparece exatamente para a hora de contratar funcionários, pois talvez demande de você um escritório físico. Neste caso, a manutenção da empresa de Hong Kong pode se tornar muito cara, o que pode prejudicar seus negócios a longo prazo.
Mais uma vez, importar da China com auxílio especializado para a operação pode ser bem mais vantajoso.
Empresa de Investimento Estrangeiro
Empresa de Investimento Estrangeiro (FIE – Foreign Invested Enterprise) é o tipo de empresa total ou parcialmente capitalizada por investidores estrangeiros.
Essa forma segura e flexível de abrir empresa na China, porém, é o tipo de empresa mais complicado de configurar. Ela levará tempo para ser aprovada pelo governo chinês e exigirá um investimento de capital social mínimo.
A regulamentação governamental rígida pode limitar inclusive o quanto a empresa lucrará com empreendimentos estrangeiros. Considere também que a empresa será obrigada a pagar impostos e seguro social, o que acontece com grande parte das empresas chinesas.
Com tantos custos, a importação da China sem ter funcionários no país asiático se mostra, mais uma vez, vantajosa.
Mesmo assim, se for do seu desejo abrir uma empresa de investimento estrangeiro, você deverá registrar o capital em um banco chinês.
Parceria Empresarial de Investimento Estrangeiro
A Parceria Empresarial de Investimento Estrangeiro (FIPE – Foreign Invested Partnership Enterprise) é um tipo empresarial recente, de março de 2010. Seu maior atrativo é não exigir capital mínimo para registro. Esse tipo de empresa pode ser constituída de duas formas:
1. Entre duas ou mais Empresas Estrangeiras ou Individuais que firmam Parceria Empresarial (PE) na China
2. A partir de uma PE entre Empresas Estrangeiras ou Individuais com Individual ou empresa chinesa.
A Parceria Empresarial pode, ainda, ter caráter Geral (GPE) ou Limitada (LPE). A diferença entre ambas é que na Parceria Empresarial Limitada é possível ter de dois até 50 parceiros.
Independentemente da forma escolhida, e seguindo a ideia da FIE, o FIPE pode ter funcionários estrangeiros e locais, podendo também fechar contratos com empresas chinesas e estrangeiras.
Escritório de Representação
Por fim, o último tipo empresarial que você pode abrir na China para ter um funcionário registrado no país é o Representative Office (RO) ou escritório de representação.
Ela corresponde a um escritório chinês, ligado a uma empresa matriz que exerce atividades fora da China. Ou seja, é um escritório que representa uma empresa estrangeira.
Se você é um empresário que deseja ter presença física na China com mais facilidade, mas não possui muitos recursos para arcar com modelos mais robustos, o escritório de representação é a opção perfeita. Sua maior vantagem é colocar a marca da sua empresa no mercado local e construir reputação.
No entanto, seu maior problema será um grande limite de atuação. O escopo de atividades que sua empresa terá permissão de exercer na China é bastante limitado, sem contar as restrições. Veja:
• As atividades comerciais exercidas pela empresa estrangeira não podem ser realizadas diretamente na China;
• O Escritório de Representação não pode obter lucros locais e gerar receitas em nome da empresa-mãe;
• O Escritório de Representação não pode entregar produtos ou serviços nem gerar receita.
Diante desses empecilhos, podemos dizer que o Escritório de Representação só será indicado para empresas que desejam contratar funcionários na China para fazer atividades como: reuniões de negócio, pesquisas de mercado, promoção da empresa no mercado local, coordenação das atividades da empresa-mãe e desenvolvimento de parcerias e canais de negócios estrangeiros.
Vale destacar, por fim, que muitas dessas atividades são exercidas por consultores de comércio exterior que você pode contratar ao importar da China.
3. Prós e contras de ter um funcionário na China
Agora que você teve um panorama geral de como é ter um funcionário na China, vamos fazer um breve levantamento das vantagens e desvantagens dessa prática.
Ter um funcionário na China é vantajoso, porque:
• É uma pessoa de sua confiança que poderá verificar a produção dos produtos importados, promover sua empresa no mercado e realizar outras práticas para colocar sua marca em um outro patamar;
• É um profissional acostumado com as práticas locais comerciais, o que pode facilitar na hora de negociar e lidar com fornecedores;
• É uma boa maneira de começar os negócios em outro país, o que ajuda o empresário a entender melhor ameaças e oportunidades.
Por outro lado, ter um funcionário na China é desvantajoso, pois:
• Será preciso abrir uma empresa na China para registrar o funcionário ou contratar um terceirizado, o que seria muito mais custoso do que importar da China;
• Em caso de contratação de terceirizado, não há tanto conhecimento sobre sua empresa, o que pode prejudicar o trabalho realizado;
• Existe a possibilidade de contratar uma consultoria em comércio exterior para realizar as funções deste funcionário;
• O custo da mão-de-obra chinesa já é bem mais alto do que o custo da mão-de-obra brasileira.
Para deixar o seu entendimento ainda mais fácil, nós montamos uma tabelinha de prós e contras para ilustrar o que falamos acima. Olha só:
Se você estava em dúvida sobre importar da China ou ter um funcionário do país, já sabe que há mais vantagens na importação, seja pelos custos ou pela qualificação do profissional.
Com uma boa consultoria de comércio exterior, como a Guelcos, é possível realizar uma importação da China e ter boa presença no país asiático. Veja como a Guelcos pode ajudar!