É básico para qualquer profissional que trabalhe com exportação e importação ter o conhecimento sobre os meios de transporte de carga disponíveis.
Um dos principais modais existentes para importar produtos é o marítimo. Isso porque o transporte marítimo pode ser utilizado para vários tipos de volume e dimensões de carga.
Entretanto, para contratar um frete marítimo é preciso saber como funciona o processo, quais são as obrigações tributárias envolvidas na transação e se essa é a melhor alternativa para você e o seu negócio.
Inclusive, para a contratação de um frete marítimo, fazer cotações com mais de uma empresa é imprescindível.
Neste artigo você saberá tudo o que precisa antes de contratar um frete marítimo, confira.
Aqui você verá:
1. O que é o frete marítimo
O transporte marítimo de mercadorias é um dos meios mais utilizados ao redor do mundo, justamente por dar conta de variados tipos de carga e quantidade. Logo, o frete marítimo deve ser pago sempre que o importador decide transportar seus produtos em navios.
Existem vários tipos de frete marítimo para importação, como o FCL, quando o contêiner fechado vem de outro país para o Brasil, e o LCL, quando uma carga ocupa somente uma parte de um contêiner vindo de outro país para o nosso território.
As empresas que fazem este tipo de frete são distintas, não só pelo valor das cotações, mas também por conta do atendimento ao cliente, qualidade na entrega e no cumprimento dos prazos de entrega.
Vale lembrar que este tipo de informação também se dá pela reputação da empresa, que deve ser levada em consideração durante a cotação.
2. Tipos de frete marítimo
O frete marítimo é composto por uma taxa que consiste no frete básico (valor cobrado de acordo com o peso ou o volume da mercadoria), em que prevalece sempre o que oferecer a maior receita para o armador.
Conheça os tipos de frete marítimo:
• Ad-valorem: percentual que recai sobre o valor FOB (Free On Board) da mercadoria. Normalmente aplicado quando o valor corresponde a mais de US $1.000 por tonelada. Pode substituir o frete básico ou complementar seu valor.
• Sobretaxa de combustível (bunker surcharge): é o percentual aplicado sobre o frete básico, destinado a cobrir custos com combustível;
• Taxas para volumes pesados (heavy lift charge): valor de moeda atribuído às cargas cujo o volume individual, demasiadamente pesado (normalmente acima de 1500 kg), exija condições especiais para embarque/desembarque ou acomodação no navio;
• Taxas para volumes com grande dimensões (extra length charge): aplicada geralmente a mercadorias com comprimento superior a 12 metros.
• Sobretaxa de congestionamento: recai sobre o frete básico para portos onde há demora para atracação dos navios.
• Fator de ajuste cambial (CAF – currency adjustment factor): utilizado para moedas que se desvalorizam sistematicamente em relação ao dólar norte-americano.
• Adicional de porto: taxa cobrada quando a mercadoria tem como origem ou destino algum porto secundário ou fora da rota.
Existem outras três modalidades no frete marítimo que todo gestor deve conhecer antes de realizar uma cotação com uma empresa especializada.
Modalidades de frete marítimo:
• Frete pré-pago: significa que o frete será pago imediatamente após o embarque, para retirada do embarque marítimo. Normalmente ele é pago no local ou país de embarque, porém, isto não é uma obrigatoriedade, podendo ser pago também no exterior.
• Frete pagável no destino: nesta modalidade, o frete é pago pelo importador, na chegada ou retirada da mercadoria.
• Frete a pagar: aqui, o pagamento do frete poderá ocorrer em um local diferente daquele de embarque ou destino. Ou seja, o frete poderá ser pago em qualquer lugar do mundo, sendo que o armador será então notificado pelo seu agente sobre o recebimento, para dar andamento na liberação da mercadoria.
É comum associar-se o frete pré-pago às condições onde o frete fica por conta do vendedor. Repare, entretanto, que ele pode ser utilizado também com o frete por conta do comprador. Isto quer dizer que o frete pré-pago e os Incoterms são modalidades diferentes.
3. Como fazer o cálculo do frete marítimo
Antes de qualquer coisa, falaremos sobre diferentes tipos de frete marítimos para importação de mercadorias: o LCL e o FCL.
No FCL, comumente são transportados equipamentos de 20 e 40 pés, com carga seca, mas há muitos outros tipos de containers além desses. Para esta modalidade, o preço é definido de acordo com o tipo do equipamento utilizado. As principais variáveis para a definição do valor são a rota, o tempo de trânsito e alguma eventual sobretaxa para cargas que ultrapassam 20 toneladas.
Para o cálculo do frete marítimo, um dos fatores pode ser levado em consideração: o volume da carga ou o peso do produto, dependendo de qual é maior.
Então, o frete LCL pode custar, por exemplo, 100 dólares por tonelada ou metro cúbico, se a mercadoria tem três toneladas e um metro cúbico, o frete total fica em torno de 300 dólares.
É preciso ficar atento à composição do frete marítimo, taxas e sobretaxas, e aos valores que podem ser acrescentados por conta de taxas eventuais que podem ser aplicadas de acordo com a carga, peso, volume, preço ou especificidade da carga.
Algumas vezes, as sobretaxas podem ser cobradas por conta de gastos com a navegação e, em alguns casos, adicionais para transporte de carga perigosa (IMO). Existem outros tipos de tributação, como a taxa por volume de grande dimensão, taxa adicional de porto, taxa de prosseguimento, taxa mínima, taxa por congestionamento e taxa de seguro.
3.1 Como fazer a cotação e o que observar
O transporte marítimo é o meio mais utilizado em operações de transporte internacional para importação e exportação, sendo responsável por cerca de 90% das mercadorias transportadas em todo o mundo.
Para fazer a cotação do frete marítimo internacional, o ideal é contar com o suporte de um agente de cargas especializado durante toda a transação.
Para garantir os melhores preços, com confiabilidade na entrega, que garantem tanto a integridade da mercadoria, quanto o cumprimento dos prazos de entrega.
O agente de cargas irá atuar em favor do contratante e cuidará de todas as questões burocráticas envolvidas na operação. Isso é bom porque, normalmente, o trânsito internacional de longa duração exige cuidados tanto do importador, quanto do exportador, então estar atento e ter suporte para lidar com os aspectos legislativos envolvidos é essencial.
4. Vantagens do frete para importação da China
O transporte marítimo é uma modalidade muito utilizada pelas empresas para o transporte de cargas. Os navios são responsáveis por transportar as mercadorias através de mares e oceanos, tanto em navegações costeiras ou de cabotagem (navegação entre portos marítimos sem perder a costa de vista), quanto em navegações de longo curso e internacionais.
Para quem vai importar produtos da China, o frete marítimo ainda oferece vantagens interessantes.
Vantagens do frete marítimo:
• Liberdade para transportar diversos tipos de carga: os navios aceitam cargas de todas as formas, tamanhos e peculiaridades. São ideais para transportar cargas secas, refrigeradas, a granel, com ou sem embalagem, veículos e muito mais tipos de itens.
• Custo do frete mais em conta: ao comparar com outros modais, o frete do transporte marítimo é mais baixo, por se tratar de um meio que consome menos combustível, seu custo é reduzido. Inclusive, seu valor também pode ser dividido em uma quantidade maior de mercadoria.
• Transporta grandes volumes de carga: as embarcações utilizadas nesta modalidade de transporte têm uma capacidade muito superior à de outros modais e são capazes de carregar contêineres com toneladas de mercadorias em segurança.
• Percorre grandes distâncias: por se tratar de um navio, o transporte marítimo pode atravessar oceanos e transportar mercadorias entre cidades, países e continentes diferentes.
• Trajetos mais acessíveis: as embarcações podem chegar a locais que, em algumas ocasiões, são de difícil acesso para os transportes ferroviários, rodoviários e aéreos.
5. Por que o custo do frete marítimo aumentou no último ano?
Basicamente, qualquer coisa que possa dificultar a travessia pela via marítima pode influenciar no valor do frete. Situações como o clima, por exemplo, podem induzir um aumento no valor, já que há aumento no consumo do combustível da embarcação e tempo de trânsito.
Em 2020, com a situação da pandemia pelo novo coronavírus, o impacto nas operações marítimas foi uma das razões do aumento no valor do frete. Muito pela demanda que o “novo normal” exigiu, onde a compra de produtos aumentou exponencialmente e as principais áreas da economia ocidental entraram em lockdown, o que compromete uma parte da mão de obra do setor logístico dessas regiões.
No período da pandemia houveram muitos embarques de contêineres da China para a Europa, Estados Unidos e Brasil, porém, muitas empresas não conseguiam retirar as cargas dos portos.
Isso porque as empresas não tinham condições financeiras para desembaraçar a mercadoria que chegava. Então, a eficiência na liberação das cargas sofreu com as medidas de isolamento social.
No caso da China, as empresas tiveram muita dificuldade para localizar contêineres vazios e disponíveis no país. Como a quantia é escassa, mesmo quando algumas empresas decidem pagar o valor praticado, não conseguem encontrá-los.
Resumindo, o que foi impulsionado pela epidemia de Covid-19 no setor de transportes marítimos, foi a falta de contêineres no Oriente para enviar mercadorias, o excesso de contêineres vazios nos portos e a falta de embarcações para levá-los de volta.
Outros fatores como as guerras comerciais entre China e Estados Unidos podem ser obstáculos na redução de taxas. Nesse sentido, as divergências entre os dois países, hoje, são o principal obstáculo para a redução das taxas.
Isso porque quando países considerados potências mundiais encarecem os preços dos produtos que vendem entre si, todos os outros países enfrentam as consequências.
Normalmente, as sazonalidades também podem influenciar nos valores do frete marítimo. Isso é medido pela oferta e demanda ao longo do ano.
Por exemplo, no segundo semestre há mais demanda do que no primeiro. E o que ocorre, é que em baixas temporadas a demanda é menor, mas as navegações devem ir para o mar mesmo assim.
6. Quais são os principais pontos de atenção na hora de contratar o frete marítimo
Existem algumas dicas valiosas para contratar um bom frete marítimo. A primeira delas é a negociação. Quem deseja contratar o frete na modalidade pagável no destino (pós-pago), o importador pode procurar o maior free time possível com o armador. No caso do frete pré-pago, é fundamental negociar um free time mínimo.
Evite a demurrage (sobrestadia, ou indenização diária, devida ao transportador). Fique atento à situação do recinto aduaneiro durante a chegada da mercadoria ao destino.
Dependendo da época, podem haver atrasos na liberação da carga mais frequentes, afetando diretamente o prazo de devolução do contêiner.
É preciso também estabelecer um controle das datas de atracação dos navios e datas-limite da devolução dos contêineres.
Lembrando que é essencial ter toda a documentação referente às transações bem organizadas, como Conhecimento de Embarque Marítimo (Bill of Landing – BL), Minuta de Devolução, Ficha de Avaria, Conhecimento Eletrônico (CE), para evitar cobranças indevidas, que muitas vezes podem surgir até anos depois.
Confira o free time. Alguns armadores dão início à contagem de free time a partir da chegada da carga ao destino, mas outros só a consideram na presença de carga. Na maioria dos casos, a concorrência define o free time (o que pode variar dependendo do tráfego de origem) e o valor da diária de sobrestadia.
O importador pode pedir a desunitização (a desocupação) do contêiner, já que a fiscalização da Receita Federal (RF) incide sobre a mercadoria, não sobre o contêiner.
Assim, é possível entregar ao armador e evitar o pagamento da sobrestadia. Entretanto, é preciso prestar atenção pois em muitos casos é necessário recorrer à ação judicial para que o pedido seja aceito.
Verifique as condições do contêiner antes de retirá-lo do terminal portuário. Na devolução é preciso que a unidade seja entregue limpa e no local indicado pelo armador como depósito de contêineres vazios.
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