A crise energética na China já causou apagões em residências e interferiu na produção industrial. As fábricas, inclusive, foram orientadas a limitar o consumo de energia para reduzir a demanda. Na prática, alguns negócios passaram a operar durante dois ou três dias por semana.
Essa crise, portanto, está prejudicando diretamente a vida das pessoas e as operações comerciais. E, certamente, a importação no Brasil não ficou intacta. Para entender as consequências da crise energética na China e como ela afetou o Brasil, é preciso saber como tudo começou.
Neste artigo você verá:
De um lado, as indústrias enfrentam pressão pelo aumento dos preços da energia. De outro, o governo tentando combater as emissões de carbono. Para os analistas, a crise energética da China se dá por um desequilíbrio entre as metas climáticas ambiciosas e a grande produção do país.
Metas climáticas ambiciosas vs. aumento na demanda
China neutra em carbono até 2060. Essa é a meta do presidente Xi Jinping que, de acordo com os especialistas, é um dos principais motivos da crise energética na China.
Sem dúvidas, é uma resolução que resultará em ganhos inestimáveis ao longo prazo. Afinal, a preocupação ambiental é uma prioridade que deve sempre estar em pauta, como está no momento com a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 26).
No entanto, em curto prazo, essas metas climáticas ambiciosas terão um alto custo para a economia real e os mercados financeiros. Quando o governo chinês convoca suas províncias e fala para reduzir ou monitorar o consumo e a intensidade energética (aumentar a eficiência do uso), basicamente diz para que encontrem outra forma de produção.
Esse sistema de “controle duplo” (diminuir o consumo e a intensidade energética) foi implementado a partir de regulamentos que desaceleraram diversos setores, incluindo a mineração de carvão.
Mas e a alta na demanda por produtos chineses? Para se ter uma ideia, houve aumento na intensidade energética em 9 províncias (no total, são quase 30) nos primeiros seis meses de 2021. Como reduzir o consumo nestas circunstâncias? Esse é um motivo relevante para a crise energética na China.
Baixo estoque de carvão
A China é a maior produtora e consumidora mundial de carvão. Em 2021, o preço do material teve uma alta de 96%. E por que isso aconteceu? A alta de preço pode ocorrer pela lógica básica do mercado: se a oferta está menor, os preços disparam.
O governo chinês, na tentativa de cumprir a promessa da redução das emissões de carbono, adota medidas para reduzir o uso do combustível fóssil em cada unidade de produção econômica.
A proporção de eletricidade gerada pela queima de carvão em 2017 caiu de 80% para 56%, por exemplo. Ou seja, atualmente, o país apresenta 56% de sua matriz originária de usinas termelétricas movidas a carvão.
O governo investiu também em energias alternativas, mas isso não foi o suficiente para preencher a lacuna energética.
Com a falta de uma das principais fontes de energia, o preço do carvão foi para as alturas, levando junto o preço de outros insumos, como aço, alumínio, cimento e fertilizantes.
Neste contexto já caótico, vale ressaltar o aumento na demanda por produtos fabricados na China. As fábricas tentam atender às necessidades globais e ficam famintas por recursos energéticos. A alta procura mantém o preço do carvão bem alto, e os fornecedores de eletricidade da China já esgotaram as reservas do recurso.
Em 21 de setembro deste ano, os estoques de carvão das 6 principais empresas de geração de energia elétrica na China atingiram somente 11,31 milhões de toneladas. Isso representava energia suficiente para apenas 15 dias.
Em suma, o baixo estoque de carvão é uma bola de neve na crise energética na China.
2. Quais as consequências da crise de falta de energia da China para o mundo?
Produção prejudicada e preços mais altos
A recuperação econômica da China em 2021, pós-pandemia, se deu principalmente pelo boom na construção e na manufatura. Juntos, desempenham um papel vital no crescimento.
Porém, dependem de toneladas de energia e grandes quantidades de carvão. Com a escassez de energia a partir de junho, a alta nos preços do carvão e as metas climáticas, a produção foi diretamente prejudicada.
Muitas fábricas foram instruídas a interromper seu funcionamento periodicamente. No nordeste da China, região de menor importância econômica, o abastecimento energético foi interrompido por alguns dias.
Atualmente, já vemos também inflação nos preços do gás natural e diminuição da produção de gigantes multinacionais, como Apple, Toyota e Tesla, devido à crise energética na China.
Pouco tempo atrás você deve ter visto nos noticiários sobre a falta de chips para inserir em automóveis e alguns eletrônicos. Fez sentido?
Aumento das exportações brasileiras
A crise energética na China traz muitas consequências negativas ao redor do mundo. A importação no Brasil, como apontaremos adiante, também foi afetada. No entanto, alguns analistas do agronegócio brasileiro acreditam que a crise provocará um aumento das exportações brasileiras.
Quando falamos da balança comercial entre Brasil e China, a via de mão dupla é muito relevante. O país asiático é nosso maior parceiro comercial desde 2009.
O volume de importação e exportação, de janeiro a setembro de 2021, atingiu US$ 105,6 bilhões, com possibilidade de atingir US$ 120 bilhões ainda neste ano. A China responde por 65% do superávit brasileiro.
Neste momento de crise energética na China, como apontamos, a produção está prejudicada. Isso significa que a China precisará suprir suas próprias necessidades com produtos vindos de fora.
E o Brasil, por ser um dos maiores parceiros comerciais do país, se beneficiará bastante com as exportações.
3. Como a crise energética na China pode afetar a cadeia de importação no Brasil?
A importação no Brasil será bastante afetada com a crise energética na China. Como acabamos de pontuar, a relação comercial entre os países é extremamente relevante para ambos. Isso significa que qualquer crise chinesa afetará os negócios no Brasil.
Na crise atual, em que há comprometimento na produção de insumos, podemos esperar dificuldades na importação no Brasil. Basta lembrarmos a escassez de insumos médicos durante a pandemia que prejudicou o abastecimento brasileiro consideravelmente.
O mesmo acontece agora com a crise energética na China. E isso afeta bastante o agronegócio.
Prejuízos para o agronegócio
O agronegócio é um dos setores que mais sofrerá as consequências da crise energética na China. Em 2020, o país asiático respondeu por 33,7% das exportações totais do agronegócio brasileiro, dado o aumento do consumo pela sociedade chinesa.
Por outro lado, é responsável pela produção de 30% de todo o fosfato consumido no mundo, substância fundamental na fabricação de fertilizantes.
Com a crise, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China (NDRC) avalia a possibilidade de suspender a exportação de fertilizantes chineses para proteger o mercado interno. Isso significa que o Brasil sofrerá o impacto da falta de fertilizante em breve, se essa possibilidade se confirmar.
Uma das consequências possíveis é o prejuízo na produção e nos preços dos alimentos. A inflação já está bastante alta no Brasil, e a alta acumulada de 12 meses nos alimentos é ainda maior. Com uma perspectiva de mais aumento nos preços, podemos entrar em uma situação ainda mais delicada para a população.
Prejuízos para outros setores
Atualmente, existe algo incontestável no mundo: se a China vai mal, todos devem se preparar para os prejuízos. A segunda maior economia do mundo interfere diretamente em muitos setores.
Por isso, a crise energética na China não será um problema apenas para o agronegócio, com a dificuldade em comprar fertilizantes.
O setor de mineração também poderá enfrentar cotações internacionais em queda. Nessa mesma toada, o setor de energia será impactado por preços recordes de gás natural. Com a diminuição na produção industrial chinesa, podemos esperar impactos negativos em diversos outros setores que dependem de seus produtos.
4. Dicas para minimizar os impactos da crise energética chinesa no seu negócio
Analisar sua rotina de compras atual
No Brasil, estamos passando por situações delicadas, como a alta da inflação e a insegurança político-econômica. Soma-se a elas a crise energética chinesa, que vem trazendo prejuízos à produção de itens e provocando aumento nos preços. Neste momento de alto risco, o setor de compras de uma empresa ganha ainda mais destaque.
Você provavelmente já ouviu falar em Strategic Sourcing, certo? Como já definimos em outra oportunidade, “é um processo de compras institucionais que aprimora e reavalia continuamente as atividades de compras de uma empresa”.
Em momentos de crise, o planejamento, o desenvolvimento de fornecedores, a negociação de contratos, e a infraestrutura da cadeia de suprimentos devem ser ainda mais precisos.
E é aí que entra o Strategic Sourcing, aprimorando todas essas atividades e diminuindo os riscos do negócio. Portanto, analise sua rotina de compras e corrija eventuais falhas para que os profissionais atuem de forma estratégica.
Avaliar a viabilidade de uma importação
Os empresários brasileiros, nos últimos anos, começaram a ampliar as possibilidades de lucro para seus negócios. Em décadas anteriores, sem a internet, as relações comerciais eram realizadas basicamente no mercado interno.
Alguns gestores optaram por trabalhar somente com produtores locais, outros buscavam sempre o menor preço, e por isso compravam de grandes produtores.
Atualmente, com as fronteiras cada vez mais próximas devido à globalização e à internet, a importação empresarial se tornou outra possibilidade. Mas isso não quer dizer que ela sempre será a melhor opção, certo?
De fato, estamos todos preocupados com os reflexos da crise energética na China na importação no Brasil. Mas antes de pensar nesses reflexos, que podem, por exemplo, restringir suas opções de fornecedores chineses, é preciso avaliar a viabilidade de uma importação. Em momentos de crise, ela se torna ainda mais importante.
O planejamento da operação é seu ponto de partida. Você deve conhecer todas as etapas do processo de importação, elaborar um plano e fazer um estudo de viabilidade. O cálculo da importação foi feito? Existem motivos que podem inviabilizar sua operação, tais como:
1. Certificações e licenças especiais (há produtos com procedimentos especiais);
2. Volume de compra (importação acima de US $3 mil tem regras específicas);
3. Falta de diferenciação do produto (análise no nível de competitividade);
4. Falta de planejamento dos embarques;
5. Falta de foco.
Portanto, antes de acreditar que seu negócio só sobreviverá com a importação, avalie se a operação é sua melhor saída no momento. Neste momento de crise, ela pode ficar ainda mais complicada diante das dificuldades das fábricas chinesas.
Realizar uma importação empresarial estratégica
Você sabe como importar da China de maneira estratégica? Essa operação de comércio exterior, quando bem realizada, pode trazer bons frutos para um negócio brasileiro.
Ainda que a crise energética na China esteja interferindo na importação no Brasil, é fundamental pesquisar a viabilidade de trazer produtos do país asiático.
É possível, por exemplo, que seu setor ainda não tenha sido tão afetado. Se for este o caso, você deverá buscar os melhores fornecedores chineses para encontrar bons produtos. Na sequência, o ideal é realizar a inspeção e a auditoria, para garantir que eles atenderão às suas expectativas. Por fim, além da escolha do modal de transporte, será preciso lidar com os trâmites burocráticos.
Essas são apenas algumas etapas cruciais para uma importação empresarial estratégica. Mas é importante se atentar a cada minúcia da sua operação, especialmente neste momento de crise. Afinal, um erro pode provocar não só retrabalho dos seus profissionais, como multas e custos adicionais.
Contar com o auxílio de especialistas
A importação no Brasil está afetada pela crise energética. Mas será que isso significa que devo desconsiderar a operação para meu negócio? Certamente não. A questão aqui é, como acabamos de falar, realizar uma importação estratégica. E para isso, é preciso minimizar os riscos e os erros.
A melhor maneira de fazer isso é com o auxílio de especialistas, como uma consultoria de importação. As operações de comércio exterior são complexas e cheias de burocracias. Na atual crise, encontrar fornecedores e produtos de qualidade tornou-se ainda mais difícil. O empresário não tem tempo nem conhecimento para lidar com essa complexidade.
Neste contexto, a consultoria é quem pode garantir uma importação de sucesso. Ela poderá assumir algumas ou todas as etapas da operação, oferecendo serviços, como:
• Cumprimento de requisitos legais e fiscais da relação comercial (documentação comercial);
• Validação de produtos e seleção de fornecedores (strategic sourcing);
• Desenvolvimento do relacionamento com fornecedores;
• Inspeção de produção e/ou de embarque;
• Auditoria de Fábrica, etc.
A Guelcos, por exemplo, possui especialistas que atuam no Brasil e na China e pode ajudar o empresário a efetuar uma importação estratégica.
A crise energética na China está afetando as operações no mundo inteiro. Com a produção prejudicada e a alta nos preços, a importação no Brasil também sofrerá as consequências em diversos setores.
Para driblar os efeitos negativos, é preciso ter uma atuação estratégica, especialmente se envolver importação. Converse com a Guelcos e veja como podemos ajudá-lo!