Um novo lockdown na China está impactando toda a cadeia logística global. As autoridades de Xangai, local dos mais importantes terminais de containers do mundo, implementaram novas medidas rigorosas para controlar o contágio, interrompendo muitas atividades nos locais de fabricação e transporte.
O sistema logístico terrestre interno do país foi bastante afetado em decorrência das novas medidas, pressionando a cadeia interna de suprimentos.
Com isso, as transações de importação e exportação ficam prejudicadas, e os efeitos negativos atingem todos os países que dependem da importação de produtos do país asiático.
A falta de subsídios às fábricas já é sentida, bem como a inflação que impacta negativamente empresas de qualquer segmento.
Na importação, temos um efeito cascata, já que esses desafios logísticos aumentam a especulação sobre os fretes internacionais e o engarrafamento de navios na China, onerando ainda mais a operação.
Com base nesse cenário, analisamos a China em lockdown novamente e qual a melhor forma de se precaver e se organizar para passar por mais um período de lockdown na China. Vamos lá?
Aqui você verá:
- 1. Por que o lockdown na China é tão nocivo à cadeia logística
- 2. Efeitos provocados pela China em lockdown novamente
- 3. Efeitos no Brasil com o novo lockdown na China
- 4. É possível driblar os impactos do novo lockdown na China na hora de importar?
- 5. Como planejar as importações da China com o lockdown na China
1. Feiras na China, vale a pena visitar?
No começo da pandemia, foram adotadas medidas de distanciamento social que impactam diretamente na produção e no deslocamento de produtos. O efeito na rede global de logística, em especial no transporte, causou desabastecimento de alguns itens devido à limitada quantidade de trabalhadores no porto, o que reduz a eficiência no local.
Com isso, os containers se acumulam, as empresas de navegação começam a cancelar os embarques.
Tentando combater esse prejuízo, vimos muitos estímulos fiscais para amenizar a crise e impulsionar o consumo. O resultado é uma conta que não fecha: com o aumento nas compras, a demanda por frete aumenta, ocasionando um desequilíbrio entre oferta e demanda.
É exatamente isso que está acontecendo com o lockdown na China hoje. Para se ter uma ideia, o porto de Xangai movimenta por ano 43 milhões de TEUs (TEU é uma medida que equivale a um contêiner de cerca de seis metros), quase dez vezes o total que circula no maior porto do Brasil, que é o de Santos.
É de se imaginar que esse impacto em Xangai desencadeará uma cascata na rede de abastecimento mundial, certo?
Em entrevista ao portal R7, Josilmar Cordenonssi, professor de economia do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas do Mackenzie, diz que as medidas de isolamento agravarão as condições de logística de bens e produtos intermediários no mundo inteiro.
Em sua visão, “tudo que a China produz e exporta ou importa vai ficar travado. O tempo de espera dos navios por mercadorias nos portos vai aumentar, elevar o custo de logística e reduzir a oferta de produtos no mundo, fazendo com que os preços aumentem”.
Patrícia Krause, economista, pontua que Xangai representa cerca de 27% das exportações chinesas. Por esse motivo, acredita em um grande gargalo na cadeia de suprimentos: “a dificuldade de conseguir bens eleva o custo do transporte e acaba causando uma nova pressão para a inflação mundial”.
Quanto maior o congestionamento na cadeia logística chinesa, mais tempo será preciso para regularizar o transporte. Os especialistas apontam que isso pode levar de três a quatro meses, se não houver agravamento das condições. E não se engane, pois pode piorar de fato se as condições permanecerem difíceis na Ucrânia (guerra) e nos Estados Unidos (inflação histórica).
Apenas a título de curiosidade, o porto de Odessa, na Ucrânia, é uma das portas de entrada mais importantes para os produtos têxteis chineses no mercado europeu.
Pontuamos a seguir três efeitos desse novo lockdown na China: o aumento no valor do frete marítimo, os engarrafamentos de navios e a escassez de containers.
2. Efeitos provocados pela China em lockdown novamente
Com a China em lockdown de novo, explicamos anteriormente que toda a cadeia global de suprimentos fica prejudicada.
E há três motivos importantes para isso, provocados também pelas dificuldades internas de logística do país: aumento no valor do frete, engarrafamento de navios e escassez de contêineres.
Aumento no valor do frete
Se você realiza importações da China há mais tempo, deve ter percebido um aumento no preço do frete nos últimos dias, certo? Para o Brasil, ele aumentou 6% entre março e abril, atingindo o US$ 2,5 mil de valor médio do contêiner, de acordo com reportagem do portal Terra.
Comparando com o mesmo período do ano passado, houve um incremento de 70%.
Na média global, ele passou de US$ 1,4 mil (fevereiro de 2020) para US$ 11,1 mil (setembro de 2021). Em 2022, o valor chegou a US$ 8,9 mil. A tendência de queda era um sinal da regularização do setor esperada ainda para o início de 2023, mas com a China em lockdown de novo há um descrédito quanto a esse prazo.
Em entrevista à CNN, Jesualdo Silva, diretor presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), apontou que o engarrafamento de navios cargueiros provocou uma escassez de oferta global e, com isso, uma alta no preço dos fretes marítimos.
Ele explica essa oscilação no preço com o arrefecimento da doença e com o novo lockdown na China:
“Essa elevação no preço já começa a acontecer. Navios que vinham da Ásia para cá e vice-versa não sabem se vão poder descarregar e seguir o percurso. Não sai e nem entra container, praticamente, na China. E sem dúvidas que uma escassez gera um aumento [no custo]. Muitos produtos são fabricados no país asiático e esse fluxo não está acontecendo, por causa da Covid-19. A gente vai começar a ver falta de containers”.
E como o engarrafamento de navios pode ser explicado?
Engarrafamento de navios
A medida Covid Zero, implementada pelo presidente chinês Xi Jinping, instituiu um severo regime de isolamento nas 27 cidades chinesas, inclusive as megalópoles costeiras Xangai, Shenzhen e Guangzhou.
Lembra que mencionamos que, em Xangai, são movimentados 43 milhões de contêineres por ano?
O novo lockdown na China, portanto, interferiu nas atividades de embarque e desembarque drasticamente, aumentando o prazo de liberação de contêineres nos portos de três para 20 dias.
Uma matéria da revista Veja do início de maio traz um dado para retratar a consequência da medida, que é o engarrafamento de navios: dos 9.000 navios porta-containers em operação na atualidade, quase 1.800 estão retidos em engarrafamentos portuários espalhados ao redor do mundo.
De acordo com a Windward, consultoria internacional especializada em navegação, existiam pelo menos 506 embarcações de grande porte (inclusive petroleiros e navios de carga) parada nos portos da China na última semana de abril, especialmente nos arredores de Xangai.
E o novo lockdown na China agravou a situação, que já era resquício do momento mais grave da pandemia e seus efeitos nos sistemas de produção e distribuição de mercadorias.
Mas este não é o único problema, apesar de ser o mais grave. Há outros fatores em destaque, como os embargos provocados pela invasão da Ucrânia, o que compromete o tráfego marítimo na região do Mar Negro e do Mar Báltico.
Escassez de containers
Refletindo o problema do engarrafamento de navios, o lockdown na China hoje também provoca escassez de containers. A Windward aponta que um em cada cinco navios porta-containers está parado próximo a um porto congestionado ao redor do mundo. E, claro, 24,3% desses portos estão na China.
A escassez de containers para embarcar produtos aumenta o custo para importadores. Para se ter uma ideia, um contêiner de 40 pés fazia quatro viagens por ano antes da crise. Esse número caiu para menos de três viagens (2,3 a 2,5).
Esse é um grande efeito do lockdown na China na cadeia logística global. E como fica o Brasil na prática?
3. Efeitos no Brasil com o novo lockdown na China
O Brasil sofrerá um relevante impacto com a China em lockdown novamente. Já vimos que o aumento no preço de frete é geral, e que o engarrafamento de navios, somando à escassez de containers, pode atrasar o envio das mercadorias.
Os problemas no varejo já começam a aparecer, como relata a reportagem do portal Terra. Marcelo Mouawad, diretor da Univinco, uma associação dos lojistas da Rua 25 de Março (São Paulo), confirma as dificuldades para agendar a saída de produtos da China para o Brasil.
Ou seja, o risco de desabastecimento é real, especialmente em indústrias que dependem muito das importações da China. Em especial, podemos citar a indústria automobilística e a indústria farmacêutica.
Em decorrência desse potencial desabastecimento, podemos esperar também a chamada inflação de demanda.
Impactos no setor automobilístico
O setor automobilístico depende diretamente da indústria elétrica e eletrônica, que vem enfrentando dificuldades com o novo lockdown na China. Mesmo tendo elevado seus estoques, isso não foi suficiente para aguentar mais tempo sem a chegada de novos componentes.
Alguns produtos, como chips e semicondutores, dependem muito das fábricas chinesas. Não à toa, a Volkswagen do Brasil paralisou as atividades de sua fábrica em São Bernardo do Campo por 20 dias devido à falta dos dispositivos eletrônicos para os automóveis.
Problemas de fornecimento de insumos para a indústria farmacêutica
A indústria farmacêutica nacional também sente os efeitos do novo lockdown na China, preocupando fabricantes de medicamentos básicos, como dipirona e antibióticos, e de remédios de alta complexidade (tratamento de doenças graves).
Isso porque o transporte marítimo é crucial para essa cadeia de suprimentos e, ainda que a normalização do frete seja rápida, essa indústria sofrerá impactos no fornecimento de insumos.
Inflação de demanda
O aumento no custo do frete traz efeitos diretos para os brasileiros, porque o preço dos produtos aumenta diante da falta de oferta. É a chamada inflação de demanda.
A produção cai na China, as importações brasileiras do país asiático diminuem, e os empresários no Brasil não conseguem suprir a demanda do consumidor. Diante disso, aumentam os preços e puxam a inflação para cima.
E com tantos impactos negativos decorrentes do novo lockdown na China, é possível driblar os desafios na hora de importar?
4. É possível driblar os impactos do novo lockdown na China na hora de importar?
As próprias empresas chinesas estão tentando driblar os impactos de um novo lockdown na China. Há relatos de montadoras e empresas portuárias que estão utilizando o modelo de trabalho em ciclo fechado. Nele, os trabalhadores dormem no local de trabalho para evitar o risco de contágio pelas novas cepas da doença.
Uma pesquisa de abril de 2022 realizada pela Câmara de Comércio Americana com 167 empresas associadas (120 com operações em Xangai) trouxe um dado preocupante: 57% delas sofreram interrupções em suas cadeias de suprimentos. Por isso, essa medida das empresas chinesas vem como tentativa de amenizar os impactos na cadeia logística.
E os importadores brasileiros? Conseguem driblar os impactos do momento com a China em lockdown de novo? A melhor saída é fazer o planejamento das importações.
5. Como planejar as importações da China com o lockdown na China
No enfrentamento das incertezas com o novo lockdown na China, as empresas que possuem caixa para arcar com o aumento do custo de capital estão ampliando seus estoques para evitar o risco de abastecimento.
Porém, a maior parte das empresas brasileiras não possuem tanto caixa disponível e operam com o melhor custo-benefício. Para essas, o planejamento das importações empresariais é a forma mais eficiente de driblar os impactos do novo lockdown na China.
E isso pode ocorrer mediante três práticas, que você vê a seguir:
Integrar a cadeia logística
Integrar a cadeia logística nada mais é do que buscar a integração entre fornecedores, mercadorias e clientes. Isso ocorre quando o processo de importação é bem organizado e propicia uma comunicação rápida com os fornecedores, bem como a identificação e a correção ágil de problemas.
Entender o custo do frete internacional
O custo do frete internacional depende da análise do tipo de carga, peso, volume, particularidades da carga e sobretaxas. Além disso, o modo de operação e abordagem do agente de carga pode ser diferente e trazer diferentes taxas básicas da transportadora.
Portanto, diante do novo lockdown na China, é importante entender o custo do frete internacional para conseguir melhores condições de transporte.
Uma diferença relevante no valor do frete é o montante a ser remetido, ou seja, valores maiores conseguem uma negociação de taxa melhor.
Diante disso, na busca pelo melhor custo-benefício, o auxílio de especialistas em comércio exterior pode ser fundamental. Eles conhecem a situação atual com a China em lockdown de novo, fazem a completa análise da carga e lidam com os aspectos burocráticos da operação, como o Conhecimento de Embarque.
Adotar a estratégia de antecipação de embarque
A estratégia de antecipação de embarque é uma medida para driblar a falta de containers, pois diz respeito exatamente à gestão e ao controle do transporte internacional.
Diante da complexidade das operações, o ideal é a empresa importadora terceirizar uma etapa do processo para aproveitar a redução de custos de logística, ganhar tempo e qualidade para com a operação.
Mais uma vez, o apoio de um agente de carga é essencial, pois profissionais especializados na gestão do transporte marítimo conseguem resolver os desafios logísticos na atual situação.
O novo lockdown na China é um desafio para os importadores brasileiros em decorrência dos impactos à cadeia logística global. O aumento no valor do frete, somado ao engarrafamento de navios e à escassez de containers, provoca inflação de demanda e impactos em diversos segmentos.
Para tentar driblar esses efeitos, é preciso realizar um bom planejamento de importação com o auxílio de uma consultoria para importar da China.
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